domingo, 17 de outubro de 2010

Reflexões Referentes ao Eixo VII

As interdisciplinas deste semestre provocaram reflexões acerca de conceitos que anteriormente me eram abstratos, por falta de experiência nas áreas, principalmente na Educação de Jovens e Adultos. Pensava que para trabalhar nessa modalidade de ensino seria necessário as mesmas metodologias usadas com as crianças, claro que sabia que algum diferencial teria, pois afinal eram adultos, faltava-me a complexidade que está envolvida nessa modalidade educacional. Após entender a partir dos estudos na interdisciplina EJA, que estes alunos são excluídos da relação escola sociedade, do direito à educação e cidadania e de condições dignas de trabalho e existência. Por esses motivos necessitam de currículos adequados, métodos e programas que compreendam a identidade, o pensamento e a linguagem do aluno dessa modalidade, para que aspectos como fracasso escolar, evasão, repetência e práticas de avaliação excludente não venham se repetir na vida dos educandos que nela se encontram.Quanto a questão cultural, ela é muito forte e presente nestes grupo, pois eles já trazem uma bagagem significativa de vivências e experiências que não podem ser negadas ou esquecidas pelo professor, mas sim, esse educador necessita reconhecer a história desse aluno para proporcionar-lhe a reflexão sobre si e sobre o mundo e com isso favorecer que ele construa, reformule ou reafirme as suas vivências através de uma relação dialética.
Outro ponto que identifiquei foi a relação entre a cultura e a produção de diferentes modos de funcionamento intelectual.E nesse aspecto estudamos no texto de Marta Kohl de Oliveira que há três formas de compreensão:
A) Etnocêntrica, determinista e evolucionista: que admite as diferenças, mas não lhes dá importância.Produz interpretações excludentes como:civilizado/primitivo, desenvolvido/atrasado, racional/primitivo, pré-lógico, mítico ou mágico.Essa abordagem coloca que esse sujeito apresenta falta de escolaridade e que carrega o modo de vida do seu grupo de origem.Justificando o fracasso na aprendizagem devido ao grupo cultural;
B) Negação das diferenças, porque visa processos psicológicos básicos relacionados a cada modo de vida.Assim o funcionamento cognitivo é uma expressão da mente humana para adaptar o sujeito ao seu meio cultural.
C) Teoria histórico cultural que recupera a importância da diferença como base da abordagem genética.Cada indivíduo nasce com as características da sua espécie e é informado e alimentado pelos artefatos fornecidos pelo seu grupo cultural.
Quanto a interdisciplina de Linguagem, os principais conceitos estudados foram o alfabetismo e o letramento como práticas culturais, pois diariamente às crianças são apresentadas uma variedade de artefatos culturais, muito antes de entrarem na escola e formalizarem seu processo de alfabetização. Dessa maneira, tanto um livro quanto uma bula, ou um outdoor,ou um jogo de vídeo-game e ou principalmente a TV se constituem artefatos culturais que alfabetizam e a escola precisa valorizar essa realidade que faz parte do contexto de vida das crianças. Também a importância da leitura e da escrita no dia-a-dia dos alunos, devendo estas estarem presentes em diferentes atividades em todos os níveis do ensino, compreendendo as suas especificidades , pois só assim poderemos estar proporcionando aos alunos o contato com estas atividades que possam estar carregadas de significados, através de um planejamento bem idealizado, que possa realmente estar relacionado ao letramento efetivo, sendo o desafio, formar praticantes de leitura e escrita e não apenas sujeitos capazes de decifrar o sistema de escrita, sem nenhuma criticidade.
Já em Didática, Planejamento e Avaliação destaco, principalmente, que o ato de planejar em si precisa aliar-se a uma fundamentação teórica, na qual represente os objetivos do mesmo e quais os princípios que serão necessários para aproximá-lo da teoria. E nesse intuito, traçar os caminhos que serão utilizados nesse processo. Nossas ações são baseadas nas nossas concepções de sociedade, de homem, de conhecimento, de educação e de cultura, que afetam diretamente o planejamento ,fazendo-se necessário um exercício constante de reflexão sobre o mesmo na escola. E além disso, devemos sempre levar em conta os interesses dos alunos e o que aquele tipo de trabalho influenciará na sua trajetória de vida.
Quanto a cultura surda aprendemos durante este semestre a importância da mesma, assim como podemos perceber em todas as disciplinas que a cultura é essencial na aprendizagem. Os surdos sofreram inúmeros preconceitos até conseguirem provar que são pessoas completamente capazes e que apenas possuem uma maneira diferente de se comunicarem, utilizando a língua de sinais, que é uma língua completa como qualquer outra e muito rica culturalmente. O filme Seu nome é Jonas, mostra muito claramente o preconceito sofrido por surdos e seus familiares por longos anos até que se pode começar a compreender a importância da comunicação através dos sinais, relaciono aqui ao filme O menino selvagem, pois nos dois casos as crianças precisavam compreender o mundo em que viviam e também se fazerem compreender e para isto a fala não era importante, mas a comunicação sim, e a cultura também, pois fazer parte de um grupo e adquirir vivências e experiências através deste é fundamental para a evolução do sujeito tanto afetiva como cognitivamente.
A Educação de Jovens e Adultos, Letramento e Alfabetismo, Planejamento, a LIBRAS juntamente com a Cultura Surda são elementos que permeiam nossa prática educativa, alguns diariamente, outros nem tanto, contudo devemos estar abertos para o novo, para as possibilidades de aprender e de aprender a ensinar cada vez melhor e com mais qualidade.

Reflexões Referentes ao Eixo VI

Neste Eixo VI gostaria de destacar as seguintes atividades reflexivas como aprendizagens:Entre 0s Muros da Escola nos permite a observação e reflexão referente ao comportamento de alunos que frequentam uma escola pública da periferia de Paris. Diferentes etnias, crenças e valores são postos em confronto e mediados por um professor que tenta fazer a diferença.O filme relata o panorama atual de desafios que os educadores encontram nas turmas das escolas públicas. Esse concentra-se, na sua grande maioria, em uma turma de 8 ano, mais precisamente nas aulas de Francês ministradas por François Marin.
Com esse contexto acima descrito, quero deter-me nas cenas das aulas de Francês em que o professor tenta ensinar esse idioma, na forma padronizada da língua, para alunos com culturas tão diversificadas. Escolhi essas porque trazem no decorrer das aulas uma síntese do universo da sala de aula que nos deparamos cotidianamente. François depara-se assim como nós professores com vários dilemas, pois na turma há diferentes etnias, situações familiares, valores. Diariamente, vivenciamos situações de conflito com as quais temos que aprender a lidar, na Interdisciplina de Psicologia aprendemos que podemos usar questões de moral e ética, de violência, física ou verbal, surgidas em sala de aula para levar os alunos a repensarem suas atitudes, pois na adolescência ainda estão construindo seus princípios morais. Contando com uma diversidade cultural e étnica o professor passa por várias situações constrangedoras com os alunos, que pouco interessados em aprender um conteúdo que não corresponde às histórias de seus países de origem, demonstram desinteresse e não compreensão das palavras que o mestre lhes quer ensinar. Percebo o professor inicialmente em um dilema grande: os seus valores morais e cognitivos não são os mesmos dos alunos e como vimos no texto Dilema do Antropólogo Francês é muito difícil interferir na cultura de indivíduos tão diferentes. Por isso , o professor deverá intervir mediando os conflitos, nem desvalorizando nem superestimando as atitudes dos alunos, visto que os valores vivenciados no dia-a-dia da escola, como cooperação, solidariedade e respeito, os mesmos levarão para a vida adulta..
Observo, também que dentro daquela diversidade étnica e cultural há muito preconceito manifestado pelos alunos.O aluno chinês sempre é tido como o mais sábio da turma enquanto um aluno negro sequer traz os materiais necessários para aula. Nesse contexto narrativo, ele apresenta um quadro de necessidades pedagógicas especiais temporárias, ou seja, apresenta dificuldades de adaptação escolar por manifestar comportamentos que tendem a prejudicar e por vezes inviabilizar as relações do aluno como um todo na comunidade escolar. Para atuar no foco do problema desse aluno o professor chama os seus familiares e esses lhes fornecem subsídios necessários para que o mesmo compreenda os motivos daquelas atitudes do aluno. Descobre que a mãe desse menino é analfabeta, pois não tem condições de lhe ajudar nos estudos e o professor verifica com isso a pouca valorização da importância de estudar na família. Lembrei-me do texto Em Busca de Uma ancestralidade Brasileira, no qual o autor Munducuru refere-se: “Pessoas vivem valores, fatalmente os filhos viverão e assumirão um comportamento mais adequado E quando os pais não os têm? Sobra para a instituição escolar.” François sente o quanto o seu papel como professor servirá de referencial para aquele aluno.
Com todos esses obstáculos descritos e outros que o limite da escrita não nos permite comentar, o método de ensino do professor de Francês é admirável: estimular o conhecimento do aluno e não apenas passar a lição de casa, dar ou tirar pontos e esperar o sinal tocar, como estudamos em Psicologia II, um ensino baseado na Pedagogia Diretiva. Tendo uma turma problemática, pobre e por vezes violenta o professor ministra os .seus ensinos tendo como base a Pedagogia Relacional, na qual visa construção do conhecimento pelo indivíduo através da interação desse com o objeto a ser conhecido, seja ele social, matemático, lingüístico como o caso do filme.
Contudo, neste semestre aprendi que devemos perceber a dimensão conflituosa e contraditória da escola. Na forma como o filme representa e como vimos na Interdisciplina Filosofia da Educação, na qual discutimos o papel da escola como formadora de cidadãos, a necessidade da construção de valores e do pensamento moral autônomo desde a mais tenra infância demonstra que a escola deve ser um lugar de entusiasmado para se ensinar, e aprender , onde todos participem. Só dessa forma é de fundamental importância repensarmos o papel desse instituição. Afinal, a tarefa da construção de uma escola democrática e, acima de tudo socialmente relevante, demanda uma análise que deve se alicerçar em uma postura histórica, crítica e de ação.

Reflexões Referentes ao Eixo V

Neste Eixo V do PEAD , tivemos duas interdisciplinas: Organização e Gestão da Educação e Organização do Ensino Fundamental que tiveram como tema central a organização e gestão da escola básica brasileira. Vários conceitos foram desmembrados através de diferentes autores. Através desta síntese procurarei dar um panorama geral daquilo que aprendi sobre a Gestão Democrática.
Muito tinha ouvido falar ,recentemente, em gestão democrática, seja na instituição na qual trabalho, seja em fóruns ou até mesmo de colegas indignados que utilizam o termo erroneamente quando querem ironizar a forma como a escola está sendo administrada.
A administração escolar no seu sentido político ,vem sofrendo transformações nas últimas décadas. Saímos em passos vagarosos de uma Gestão Patrimonial, na qual predominava interesses autoritários para uma Gestão Democrática da Educação e na Educação, na qual procura-se uma participação ativa dos diferentes agentes sociais e dar acesso a todos a escola. Participação ativa e através de representação nos assuntos econômicos, pedagógicos, administrativos deliberando e contribuindo para consolidação de uma escola que procure satisfazer as suas necessidades diversas e de forma efetiva. Esse tipo de gestão está garantida no aparato legal sancionado com o intuito de tornar a educação participativa, são eles: ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente ( Lei n 8.069, de 1990), PNE – Plano Nacional de Educação ( Lei 10172, de 2001), LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n 9394, de 1996). Contamos também com a elaboração de Planos de Carreira para o magistério e as Leis Orgânicas dos municípios. Esse tipo de gestão caracteriza-se pelo funcionamento dos Conselhos escolares, como órgão maior de decisão da escola, da descentralização de recursos, do provimento do cargo de diretor ,de participação direta de todos os agentes sociais, do planejamento participativo e da avaliação institucional participativa.
Analisando a instituição de ensino, na qual faço parte, percebo que as diretrizes são para uma gestão democrática, pois possui todas as características mencionadas acima, porém percebo que devemos procurar não exercer papel controlador e de assinante. Termo esse usado para me referir aos momentos em que o Conselho escolar é convocado para assinar documentos, sem prévia discussão dos desígnios da verba mandada para suprimento das necessidades. Também necessitamos de uma participação direta na elaboração ou alterações do Projeto Político Pedagógico, no qual a última alteração foi realizada no setor de informática da escola pela antiga diretora da instituição. Verifico que os agentes sociais, embora possuam legitimidade para deliberar não demonstram interesse em uma participação direta na gestão, propiciando, assim, uma administração em que não são supridas todas, ou quase todas as necessidades da instituição. São predominadas as vontades da minoria por falta de participação de todos os envolvidos no processo.
O último parágrafo acima foi descrito por mim em uma das atividades realizadas nesse eixo e fico deslumbrada ao lê-lo porque pude perceber modificações na minha escola devido ao conhecimento que obtive sobre a Gestão Democrática que precisa ter a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar. Não refiro- me que essa participação será harmônica, pelo contrário. decidir as coisas de forma democrática é dialogar, escutar, divergir, analisar e chegar a um denominador comum e mais adequado possível para a instituição cumprir com a seu papel social.Dentro da minha escola comecei a incentivar os membros do conselho escolar a terem um participação direta nos assunto que se seguiram neste final de ano: seleção dos alunos, visitas nas casas, reivindicações na SMED para ampliação de vagas e profissionais para a escola. Isso coloco porque trabalho em uma instituição de Educação Infantil no município de Porto Alegre e nesse o acesso a todos a essa modalidade educacional é restrito, porque não há vagas suficientes para a demanda que possui. O Conselho Escolar define os critérios de seleção, realiza as visitas nos lares e analisa as necessidades para o preenchimento das vagas. O trabalho é de muita responsabilidade: conseguimos junto a mantenedora a ampliação das vagas para o B1 e um novo profissional para essa turma. Também através da Pré-Conferência da Educação garantimos a isonomia de direitos com as instituições de Ensino Fundamental: recesso em julho e fevereiro, planejamento semanal e professores especializados: Artes e Educação Física.
Direção,alunos,funcionários e comunidade interagem,discutem,avaliam e se posicionam em prol de uma educação melhor,mais justa e de qualidade.

Como já mencionei anteriormente trabalho em uma instituição de Educação Infantil ,situada na periferia do município de Porto Alegre, numa turma de Berçário I. Não executo as minha funções sozinhas, somos uma equipe composta por dois monitores e uma estagiária. Os conflitos que surgem são muitos. Precisamos contar com o funcionamento normal, também, das equipes da limpeza , da alimentação e da secretaria. Qualquer problema surgido nos setores mencionados o caos está instaurado.
Anteriormentem não sabia lidar muito com as diferenças, mas graças ao conhecimento adquirido nas disciplinas, mas especificamente na de Psicologia da Vida Adulta e na de ECS obtive um embasamento para compreender os conflitos e a fundamentação teórica da escola como instituição social e espaço de trabalho.O quadro de fases abaixo auxiliou- me a compreender os profissionais da instituição e a lidar com as diferentes fases que nos apresentamos para procurar dirimir os conflitos:



ASPECTOS Puberdade e Adolescência
12-18 anos Adulto Jovem
18-40 anos Adulto Médio
40-60 anos Velhice
60-79
Velhice
Avançada
Acima de 80 anos
psicológicos Puberdade e adolescência Intimidade X isolamento Generatividade e Estagnação Integridade do EgoX desesperança
Biológicos Transformações físicas devido a alterações hormonais, capacidade reprodutiva Função sexual madura Menopausa e problemas de saúde Envelhecimento: cabelos brancos, doenças, perda da altura.
Intelectuais Maturidade Experiência e criatividade Perda da memória
Relacionais Busca por participar de grupos Interdependência Eficácia, competência e confiança Egoísmo e isolamento
Familiares Sentimento de respeito aos progenitores Redefinição dos papéis na família e dedicação aos filhos e netos. Insegurança, medo do desamparo e perda da autoridade
Amorosos Amor louco Enlaces matrimoniais Redespertar dos desejos sexuais ( maduro) Falecimento do cônjuge
Profissionais Escolha de uma profissão e êxito profissional Auge da carreira
Aposentadoria Desemprego, aposentadoria
Financeiros Dependência Procura independência financeira Estabilidade Declínio ou estabilidade

Este quadro aliado ao Projeto Temático que desenvolvi titulado Transtornos da Idade Adulta: Depressão, Distúrbio Bipolar e Pânico ajudaram-me a compreender os estados emocionais das colegas e dos pais dos alunos. Tenho a mãe de um bebê com depressão e os conhecimentos adquiridos quanto a doença ajudaram-me a compreendê-la e intervir no desenvolvimento dessa criança. Também pessoalmente as descobertas foram válidas porque possuo minha sogra com distúrbio bipolar e os mitos foram desfeitos ao conhecer um pouco mais sobre o assunto no projeto temático.
Na interdisciplina de ECS trabalhamos diversos autores que me auxiliaram a fundamentar o meu conhecimento sobre a escola no seu contexto social, antropológico e cultural. Tornando-se esse conhecimento essencial para compreender a educação na sociedade e como anseio da mesma. Nessa trajetória estudamos autores que no seu tempo contribuíram para explicar o mecanismo social e sua interferência na realidade escolar nas pessoas entes desse processo: alunos, professores e comunidade em geral. Meus afazeres docentes tiveram uma outra visão a partir das idéias de : Durkein, Paulo Freire, Meszáros, Marx e Tardiff. Esse último desmembrou e explicou o trabalho docente mostrando nossa realidade como trabalhadores na área educacional.

Como trabalho em uma turma de B1 todas as propostas apresentadas as crianças para elas são descobertas. Através da interação com os objetos eles compreendem e entram em contato com o mundo. Encontram-se na fase oral, os prazeres estão relacionados com a boca, como mencionamos no Projeto de Aprendizagem Infância desenvolvido no Seminário Integrador.
No PEAD este semestre, uma inovação para mim foi o trabalho em sala de aula ser desenvolvido por Projetos de Trabalhos, pois assumi uma turma de Educação Infantil e essa é a melhor metodologia para trabalharmos nessa modalidade de ensino.